Plutão: 90 anos em 7 Signos


Plutão, este planeta que até antes de 1930 ninguém fazia ideia que existia.

Ele, de fato, já vinha sendo pressentido à existência, já em 1906, pois Percival Lowell acreditava na existência de um Planeta X, transnetuniano, de acordo com as oscilações na orbita de Urano (mesmo fato que desencadeou a descoberta de Netuno). Porém somente em 1930 que Clyde Tombaugh, recém astrônomo do observatório de Lowell (!) conseguiu observar e fotografar a existência de tal planeta.

Assim que o mundo inteiro soube do achado, o observatório de Lowell - que tinha o direito de nomear o novo planeta - recebeu mais de 1000 cartas com sugestões. Mas foi o de uma menininha de 11 anos, Venetia Burney, que indicou "Plutão", pois gostava de mitologia grega e romana. Não por acaso, o Observatório gostou do nome, pois além de seguir uma lógica mitológica clássica, também levava as iniciais de Percival Lowell no nome.

Dessa forma, Plutão, que os gregos chamavam de Hades, foi reintroduzido no nosso mundo.

Mas a astrologia ainda não estava de boas com um novo planeta. Já estava de bom tamanho lidar com dois planetas além de Saturno que demoram 7 e 14 anos em um único signo. Plutão, por sua orbita elíptica, demora de 12 a 30 anos para mudar de um signo. Como lidar com isso? Ainda há contrassenso entre astrólogos, tradicionais e modernos, sobre o uso de tais planetas na leitura do mapa astral. Mas uma coisa foi acertada: Plutão entrou nas análises astrológicas sociais e mundiais.

Plutão trouxe consigo (sob sua influência), desde sua descoberta, uma infinidade de assuntos do submundo à tona: na ciência foi a psicologia profunda e o processo psicanalítico; na guerra era o terror de uma bomba atômica (feita de plutônio), um exército sombrio embaixo das asas de ditadores, e a eclosão de gangster e máfia; e na economia uma depressão que assolava as pessoas. Era um temor constante.



E assim como uma bomba, Plutão traz esse temor de que algo vai acontecer. Quando? Não se sabe. Plutão lida com aquele turbilhão de anos de ressentimentos escondidos, sentimentos reprimidos, a raiva e violência afogadas a muito tempo. (Traduzindo à luz da mitologia: Seria Hades um deus raivoso? Não há qualquer menção à raiva em sua mitologia, mas sabemos que seu irmão Zeus tomou para si o governo do céu e da terra e deixou a ele o reino dos mortos — algo que pode muito bem inspirar ciúmes e mesmo raiva).

Portanto, ambos os lados de Plutão podem representar repressão e dominação. Normalmente, buscam vingança sobre aqueles que os maltrataram ou, pior ainda, começam a maltratar outras pessoas. Mas os astrólogos por vezes ficam confusos com o simbolismo de Plutão, pois o planeta parece ser ao mesmo tempo masculino e feminino. A contraparte feminina de Hades é Perséfone: Ela foi raptada muito jovem por Hades e, embora tenha acabado por gostar de sua vida como rainha do mundo subterrâneo, também sempre acabou vivendo na sombra — a sombra de sua mãe Deméter, cuja possessividade era extrema e, em seguida, ao lado de Hades.

Após ter capturado Perséfone e feito dela sua rainha, ele presumivelmente não teve problemas com ela, mas pode ter precisado dela para ser realmente rei de seu escuro domínio. Assim, a presença de Perséfone no mundo subterrâneo restaurou parcialmente a regência feminina original desse mundo. Zeus e Hera tinham muitas brigas e lutas de poder no monte Olimpo, mas não há menção de discussões semelhantes entre Hades e Perséfone. Eles governavam juntos, exceto nos meses em que Perséfone tinha permissão de voltar para sua mãe, Deméter.

O Plutão curado pode tornar-se Perséfone, que transforma sua experiência de rapto em sabedoria e adquire os mistérios da vida, da morte e do mundo dos espíritos. Perséfone alterna-se entre dois mundos — o dos vivos e o dos mortos, a luz e a escuridão, o consciente e o inconsciente — para conseguir o equilíbrio e a harmonia em seu ser. Se Plutão não for curado, permanece preso no Hades, no sombrio subterrâneo, com ciúmes de seu irmão Zeus, com raiva de seu pai Cronos, raptando todas as Perséfones que vê pela frente e conversando apenas com os mortos, formas sem vida que surgem diante dele.


O Rapto de Proserpina de GianLorenzo Bernini (1621-1622). 
O mito romano do rapto de Proserpina por Plutão é uma lenda que também aparece na cultura grega, onde Plutão se chama Hades e Proserpina é Perséfone, que encantou o obscuro deus com sua beleza, filha da deusa das colheitas Deméter. O cão de três cabeças é Cérbero. 

O planeta Plutão é com freqüência acusado de possuir uma natureza exageradamente sexual. Isso não se justifica inteiramente de um ponto de vista mitológico — tirando-se o rapto de Perséfone, as necessidades sexuais de Hades nunca são mencionadas. Presumivelmente, Hades e Perséfone tinham um relacionamento sexual saudável. Outros deuses, notadamente Zeus, com freqüência abduziam donzelas e deusas para encontros sexuais. Quando Plutão está num signo ou em forte aspecto com um planeta associado a sexo, pode definitivamente levar a obsessões com paixão. Por exemplo, Plutão com Vênus ou Marte pode aumentar a luxúria na expressão do indivíduo. Plutão com Júpiter pode levar a impulsos procriadores prolíficos, enquanto Plutão com a Lua pode resultar num tipo de relacionamento Deméter/Perséfone/ Hades.










Plutão nos Signos

Desde a descoberta de Plutão, ele transitou por apenas sete signos dos zodíaco, começando por Cancer (1914-1939 aprox).

Ao passar pelo signo de Câncer, Plutão trouxe um período de trasnformação emocional, em meio a guerras mundiais, nas quais muitas vidas se foram. Foi um momento em que forçou as famílias a abandonar seus apegos emocionais. No signo de Leão (1939-1957 aprox), Plutão trouxe a geração do "Eu". O desejo individualista e de divisão da sociedade era enorme. A família nuclear se fragmentou. Pelos anos de 1957-1972 aprox, Plutão transitou pelo signo de Virgem, abarcando a batalha entre o amor livre e as atitudes convencionais antes do matrimônio. Muitas crianças foram adotadas, técnicas e inovações médicas trouxeram controle de fertilidade e atitudes mais contraceptivas. Problemas de saúde começaram, o planeta entendeu que a poluição era uma questão social e a medicina moderna aflorou.

Quando Plutão chegou em Libra (1972-1984 aprox), foram questionadas as bases que se construíram a estrutura social e relacional. Brotaram idéias sobre a responsabilidade global e também enraizou o fundamentalismo. O desafio consistia em transformar as relações humanas em todas as áreas. Com Plutão em Escorpião, por volta de 1984-1995, os velhos tabus saíram da escuridão para a luz, sendo confrontados, e a troca social se acelerou. A aids se converteu na praga dos tempos modernos. A psicoterapia também chegou a realizar viagens à profundezas plutonianas para trazer luz à consciência interna.

Plutão chegou em Sagitário aprox em 1995-2008, trazendo uma intensificação do idealismo. No entanto, ideologias impossíveis de moldar e as velhas formas de pensar e ser precisaram ser confrontadas e transformadas.

E desde 2008-2022 aprox, Plutão está no signo de Capricórnio, transformando a sociedade e o conflito contra o conservadorismo, buscando novas praticas políticas e econômicas que podem fazer que o mundo se desenvolva.



Plutão no Mapa Astral

A casa e o signo onde se encontra Plutão são fenômenos simultâneos. Por um lado, a posição de Plutão no mapa de descrevem dois pontos: a vibração geracional (de geração) com a qual a pessoa nasce; e o desejo evolutivo, o desígnio, ou a causa desta vida como percebido nas casa em que Plutão ocupa no mapa.

Não importa que o indivíduo esteja ou não consciente desse desígnio porque a alma, e não a personalidade, é o supremo fator causal, ou força determinante, por trás de cada vida.

A posição de Plutão no mapa de nascimento representa uma área de atração natural por motivos de segurança e recebe portanto um tremendo poder. Também pode ser uma área da vida na qual o indivíduo deseja ou que mais vai sofrer mudanças.

Plutão subentende uma força compulsiva voltada para manter aquela área (casa e signo) na maneira familiar de operação. Essas áreas de atração natural serão os motivadores ao desenvolvimento e crescimento do indivíduo.

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Texto escrito por Gilvan Vila

Fontes: 
- Wikipedia
- O Livro de Plutão: uma jornada evolutiva da alma- Jeff Green - 1985
- Astrologia e mitologia: seus arquétipos e a linguagem dos símbolos - Ariel Guttman e Kenneth Johnson - 1993
- A Bíblia da Astrologia - Judy Hall - 2005
- Plutão na astrologia - Astrolink.com










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