Juno, a Senhora dos Casamentos

Por Andreli Barros

Os povos antigos encontraram nos mitos uma maneira de passar conhecimento adiante em um mundo onde a escrita era rara. Através da mitologia conseguimos compreender melhor os simbolismos dos significadores astrológicos e extrair um entendimento maior sobre o nosso Mapa Astral. Aproveitemos a sabedoria antiga e vamos ao mito da deusa romana do matrimônio, Juno:

Juno (ou Hera) para os Gregos, era filha de Saturno e Cibele. Após a titanomaquia onde os filhos de Saturno foram libertos de sua barriga, Hera foi enviada para longe de sua mãe Cibele, a fim de manter-se protegida.

Escondida no jardim das Hespérides, foi desenvolvendo-se e tornando-se cada dia mais bela. Amava os céus e costumava brincar com as nuvens, fazendo-as moverem-se e formarem imagens conforme a sua vontade. Assim, passou a desejar com toda sua força reinar sobre os céus.

Júpiter, vendo-a, tão bela, subir ao monte mais alto todos os dias para brincar com as nuvens, percebeu que ela seria uma ótima esposa para o ele, senhor do Olimpo, proposta que Juno aceitou prontamente para poder, enfim, reinar sobre os céus.

Assim, Juno passou a ser reverenciada pelos gregos como senhora do casamento, da fidelidade e da monogamia, dando à luz os deuses Ares (deus da guerra), Eris (deusa da discórdia), Lucília (deusa dos partos), Juventa (deusa da juventude) e Vulcano (deus das forjas).

Conta-se que Juno e Júpiter viveram 300 anos de lua-de-mel, porém, com o passar do tempo, Júpiter voltou aos seus hábitos de conquistador e passou a cometer seus deslizes extraconjugais. Juno, conhecendo o caráter do marido, mas comprometida a manter seu casamento, lançava sua ira sobre todas as conquistas de Júpiter.

Juno tinha como fiel escudeiro, um pavão, em cujas penas foram colocados os mil olhos do monstro Argos, representando a sua grande intuição, os olhos que tudo veem e sempre contam à esposa fiel, os passos em falso que seu marido tenta dar.

Adorada pelas mulheres como protetora das uniões conjugais, e malquista por muitos devido aos castigos que lançava sobre as mulheres que eram alvo do desejo de seu marido Júpiter e aos filhos decorrentes de seus casos extraconjugais, Juno é, assim como outras divindades antigas, um espelho das ambições, dores e pecados das mulheres da sociedade romana.

Sua importância na Roma antiga era tão grande que até hoje chamamos o sexto mês do ano de Junho, em sua homenagem, e comemoramos as festas Juninas, que estavam originalmente ligadas às festividades e casamentos que ocorriam em Junho e foram posteriormente agregadas ao cristianismo e associadas aos santos católicos, especialmente, o casamenteiro Santo Antônio.

Voltando ao mundo astrológico, o asteróide Juno, assim como Ceres, está localizado no cinturão de asteróides que orbita entre entre Marte e Júpiter. Seu simbolismo astrológico está ligado ao como nos comprometemos em nossas alianças e relações, especialmente no casamento.

O signo onde se encontra no Mapa Natal evidencia como nos comportamos dentro das relações que nos exigem comprometimento, o quanto dedicamos de nós e somos capazes de ceder, e o que exigimos dos nossos parceiros em troca da nossa lealdade. Pode também representar um comportamento sabotador quando ficamos tão obcecados pelo que representa determinada União que a mantemos às custas da nossa própria paz de espírito.

A casa onde Juno se encontra é uma área da nossa vida que nos é cara e com a qual nos comprometemos muito, às vezes até mesmo, priorizando esse aspecto da nossa vida em detrimento de outros. Também pode ser uma área da vida onde se pode ter conflitos com os outros por sermos obrigado a ceder e compartilhar nosso poder. Esses conflitos podem ser analisados através dos aspectos de Juno a outros pontos do Mapa Natal.

Juno nas casas

Casa 1

A pessoa pode ser vista como alguém muito comprometido e os relacionamentos são realmente uma grande prioridade na sua vida, estando muitas vezes ligados a autoimagem e ajudando a fortalecer a identidade. Porém, a sua forte tendência a liderar e tomar iniciativa dentro das relações - podendo ser maior ou menor dependendo do signo em questão - poderá entrar em conflito com os interesses das relações.

Casa 2

Para estas pessoas a segurança material e o bem-estar serão uma prioridade ao se comprometerem em uma relação. O parceiro ideal é aquele que tenha interesse na estabilidade financeira, e que lhes deixem seguras e confortáveis. É importante estar atento ao que realmente tem valor para você nas relações para não permanecer em relações onde o interesse é puramente pela estabilidade material que o outro possa proporcionar em detrimento das próprias necessidades emocionais.

Casa 3

Para quem tem esse posicionamento de Juno é fundamental trocar ideias, ter uma conexão mental e muito diálogo com seu parceiro. Pode ser conectar e conhecer pessoas especiais em áreas de comunicação, aprendizagem, transportes, ou na própria vizinhança. O cuidado aqui deve ser para que a pessoa aprenda a ser conectar também emocionalmente nas parcerias, para que elas não sejam fugazes e superficiais.

Casa 4

Aqui o fundamental é a segurança emocional, o acolhimento, a intimidade, a convivência doméstica com troca de cuidados e afeto dentro da relação. Para você o afeto é fundamental, mas é importante estar atento para não gerar relações de dependência, que sempre geram frustrações.

Casa 5

Confere um talento natural para "reinar" dentro das relações, sendo um parceiro(a) criativo, espontâneo, alegre e muito romântico que adora fazer seu companheiro sorrir e estar rodeado de crianças, podendo ser bastante fértil, inclusive. Sendo uma pessoa romântica e generosa, tome cuidado apenas com as exigências que faz nas relações, estando atento não somente aos seus interesses, mas buscando também entender o que é essencial para o outro.

Casa 6

Valoriza a praticidade, o realismo, a rotina compartilhada, gosta de demonstrar amor por meio de atitudes, sendo útil para o parceiro. Pequenos gestos de atenção e cuidado, em vez das demonstrações grandiosas. Procure ser útil, com bom senso e com leveza, sem invadir o espaço do outro e fazer por ele o que precisa ser feito. Você presta atenção aos detalhes e deseja que tudo esteja sempre sob medida na relação, mas não se deixe envenenar pela eterna busca de perfeição. 

Casa 7

O casamento é uma das áreas da vida mais importantes para você e você não tem dificuldade de dedicar-se a fazer o melhor possível para que haja diálogo, harmonia, diplomacia e gentileza na relação. Cuidado apenas com a tendência a tratar somente os interesses do outro como prioridade na relação e jamais permaneça em relacionamentos fracassados por medo de ficar só. Você sempre pode atrair pessoas mais atentas às suas necessidades!

Casa 8

Intimidade e profunda conexão emocional é fundamental nas relações. Você precisa da segurança de saber que o outro pode ver o pior de você e ainda assim permanecer, da mesma forma que precisa conhecer profundamente o outro antes de se entregar emocionalmente e confiar. Cuidado com a tendência a ser manipulador e tentar dominar o outro dentro do relacionamento para não perdê-lo. A verdadeira força está em controlar as próprias emoções.

Casa 9

Traz a necessidade de relações que o estimulem a expandir as fronteiras da própria consciência, onde você possa encontrar tanto parceria para aventurar-se pelo mundo, como para ter longas reflexões filosóficas. Cuidado apenas para que o seu gosto pela aventura não te leve a desonrar os compromissos assumidos com aqueles que você ama.

Casa 10

Pessoas muito comprometidas com a própria carreira, têm uma tendência a estabelecer relações amorosas onde haja também uma parceira profissional, podendo inclusive conhecer alguém por quem se interessem dentro do ambiente de trabalho. Busque usar a sua parceria para galgar degraus cada vez mais altos rumo às suas ambições, mas tome cuidado para não esquecer que a conexão emocional é a base dos relacionamentos duradouros.

Casa 11

Os relacionamentos que essa pessoa busca são aqueles em que haja amizade e companheirismo ou que sejam ligados aos mesmos grupos de amigos ou interesses comunitários. Amizade, leveza e liberdade é fundamental, mas não se esqueça de demonstrar ao outro seu afeto e o quanto ele é especial para você.

Casa 12

Há uma tendência ao isolamento e à idealização de uma parceria de contos de fadas, que pode trazer uma dificuldade de estabelecer conexões reais. A pessoa pode ser manter em uma relação que traz sofrimento emocional ou ser isolada do mundo pelo outro com o pensamento de alguma forma, estão ligados pelo destino. Tome cuidado com a sua tendência a ignorar os comportamentos desequilibrados do outro e de dinâmicas vítima/salvador que podem se estabelecer nos relacionamentos. Preze aquele relacionamento onde haja empatia e todo o afeto que você merece!